Por que os alunos de hoje são mais agitados?
Com freqüência escuto de professores
a constante preocupação em descobrir quais os motivos que levam os alunos a
serem mais agitados atualmente. Por que não conseguem se controlar? Falam
constantemente, são inquietos, parece não perceberem a presença do professor entrando
na aula.
O que está por trás disso?
Parando para uma reflexão mais profunda começamos a
nos dar conta de que as crianças atualmente, bem como adolescentes e até mesmo
adultos, tem sede de contato humano. De um lado temos uma nova constituição familiar,
onde os membros pouco se falam, trabalham muito e os filhos são criados
sozinhos ou por outras pessoas (parentes, empregadas, escolinhas). Em contra
partida a sociedade cresceu e com elas veio a violência, a insegurança tão grandes que
impediram que as pessoas pudessem viver suas fases de infância como seus pais o
fizeram, brincando na rua com tranqüilidade, deslizando em carrinhos de lomba,
jogando bolitas, brincando de esconder, jogando bola, conversando com os
amigos. Hoje, todos vivem cercados por grades, mantendo um contato virtual, com
jogos eletrônicos constantemente. Os pais ficam muito tempo no trabalho, quando
chegam, já cansados, jantam, assistem um pouco de televisão e se preparam para
o merecido descanso e mais uma jornada. Será que lembraram de ter uma
conversinha com os filhos? Aquela conversa sobre respeito, o que é certo e
errado aonde foi parar?Como foi seu dia na escola? Assim passam-se os dias e quando percebem os
filhos cresceram.E muitos cresceram sem limites, sem educação. Na sala de aula
a agitação é intensa, os professores ficam esgotados solicitando o tão esperado
silêncio para poder propor as atividades do dia. Na fila vê-se muitos
empurrões, alunos gritando, a dificuldade da disciplina. Mas afinal, não
podemos esquecer que as crianças,praticamente,
só tem contato com outras crianças na escola e fica difícil controlar a emoção
de querer brincar e ter que ficar quieto estudando. Para muitas famílias existe um pensamento errôneo e distorcido de acreditar que cabe aos professoresa a função de educar. Para
os adolescentes além de estar agregado o fator distância do outro, estão as
mudanças internas e externas que estão vivendo, com lutos de infância, um corpo
que se diferencia a cada dia, agitando-os ainda mais. Entretanto, apesar de
toda esta confusão, pois, diga-se de passagem, não é fácil controlar toda esta
situação, constata-se que professores que desenvolvem o vínculo nas suas aulas
tem maior chance de alcançarem seus objetivos. Observa-se o brilho dos olhos
dos alunos quando o professor começa a relatar fatos que vivenciou. As pessoas
têm sede de histórias, de contato humano. É fundamental que os professores
solicitem aos alunos que peçam aos pais para relatarem fatos que viveram ao
longo de suas vidas nas atividades sugeridas, além de tornar a atividade mais interessante,
é uma forma de aproximar as famílias de seus filhos, fazendo com que aprendam a
valorizar tudo o que conquistaram, bem como a começarem a desenvolver seus
projetos de vida. O diálogo, os laços de confiança e de companheirismo
necessitam ser desenvolvidos tanto em casa, quanto na escola. Os professores
que se permitirem tal aproximação não perderão o respeito de seus alunos, pelo
contrário, serão admirados por estes, bem como os pais também. Vivemos uma
época em que as pessoas necessitam sentir que estão junto com outras pessoas
que as admiram, que estão ali para construírem juntas, apontar observações que
as farão crescer também. É claro que não se podem descartar as situações
especiais que toda escola tem e que necessitam um acompanhamento especializado,
muitas vezes com medicação. Trabalhos envolvendo o corpo, momentos de troca na
sala de aula, onde os alunos aprendam a ouvir a opinião dos colegas são de suma importância para auxiliar a todos. Atualmente temos
muitas famílias, cujos pais apenas residem na mesma casa, mas que no fundo não
conhecem sequer as características dos filhos. Cabe lembrar também o quanto as
crianças se sentem esquecidas, quando na hora que todos os colegas vão para
casa com seus pais, têm aquelas famílias que depois de muito tempo (por algum
imprevisto ou outra situação) virão buscar seus filhos na escola. Muitos choram
sentindo-se desamparados, por mais que contem com as pessoas que atuam na
equipe da escola. Pai e mãe são insubstituíveis, o amor destas pessoas então,
nem se fala. Nada como o aconchego da casa da gente, naquele momento em que todos
estão cansados e com necessidade de ter a certeza de que pertencem aquele lar,
dar uma boa gargalhada, um abraço e que tal,
contar uma história de quando os pais eram crianças?
Vera
Regina C. Magnaguagno-
Or.Educacional
e Psicopedagoga
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