segunda-feira, 12 de março de 2012

POR QUE OS ALUNOS DE HOJE SÃO MAIS AGITADOS?

Esse texto é de minha autoria e já foi publicado no Jornalzinho da Criança. Penso que será de grande utilidade para uma reflexão, inclusive em reuniões de pais. Espero que gostem. Gostaria muito de ler as observações dos leitores,elas contribuem bastante para que a gente possa ajudá-los no seu dia-a-dia. Abraços. Vera M


 

Por que os alunos de hoje são mais agitados?


            Com freqüência escuto de professores a constante preocupação em descobrir quais os motivos que levam os alunos a serem mais agitados atualmente. Por que não conseguem se controlar? Falam constantemente, são inquietos, parece não perceberem a presença do professor entrando na aula. 
O que está por trás disso?
Parando para uma reflexão mais profunda começamos a nos dar conta de que as crianças atualmente, bem como adolescentes e até mesmo adultos, tem sede de contato humano. De um lado temos uma nova constituição familiar, onde os membros pouco se falam, trabalham muito e os filhos são criados sozinhos ou por outras pessoas (parentes, empregadas, escolinhas). Em contra partida a sociedade cresceu e com elas veio a violência, a insegurança tão grandes que impediram que as pessoas pudessem viver suas fases de infância como seus pais o fizeram, brincando na rua com tranqüilidade, deslizando em carrinhos de lomba, jogando bolitas, brincando de esconder, jogando bola, conversando com os amigos. Hoje, todos vivem cercados por grades, mantendo um contato virtual, com jogos eletrônicos constantemente. Os pais ficam muito tempo no trabalho, quando chegam, já cansados, jantam, assistem um pouco de televisão e se preparam para o merecido descanso e mais uma jornada. Será que lembraram de ter uma conversinha com os filhos? Aquela conversa sobre respeito, o que é certo e errado aonde foi parar?Como foi seu dia na escola?  Assim passam-se os dias e quando percebem os filhos cresceram.E muitos cresceram sem limites, sem educação. Na sala de aula a agitação é intensa, os professores ficam esgotados solicitando o tão esperado silêncio para poder propor as atividades do dia. Na fila vê-se muitos empurrões, alunos gritando, a dificuldade da disciplina. Mas afinal, não podemos esquecer  que as crianças,praticamente, só tem contato com outras crianças na escola e fica difícil controlar a emoção de querer brincar e ter que ficar quieto estudando. Para muitas famílias existe um pensamento errôneo e distorcido de acreditar que cabe aos professoresa a função de educar. Para os adolescentes além de estar agregado o fator distância do outro, estão as mudanças internas e externas que estão vivendo, com lutos de infância, um corpo que se diferencia a cada dia, agitando-os ainda mais. Entretanto, apesar de toda esta confusão, pois, diga-se de passagem, não é fácil controlar toda esta situação, constata-se que professores que desenvolvem o vínculo nas suas aulas tem maior chance de alcançarem seus objetivos. Observa-se o brilho dos olhos dos alunos quando o professor começa a relatar fatos que vivenciou. As pessoas têm sede de histórias, de contato humano. É fundamental que os professores solicitem aos alunos que peçam aos pais para relatarem fatos que viveram ao longo de suas vidas nas atividades sugeridas, além de tornar a atividade mais interessante, é uma forma de aproximar as famílias de seus filhos, fazendo com que aprendam a valorizar tudo o que conquistaram, bem como a começarem a desenvolver seus projetos de vida. O diálogo, os laços de confiança e de companheirismo necessitam ser desenvolvidos tanto em casa, quanto na escola. Os professores que se permitirem tal aproximação não perderão o respeito de seus alunos, pelo contrário, serão admirados por estes, bem como os pais também. Vivemos uma época em que as pessoas necessitam sentir que estão junto com outras pessoas que as admiram, que estão ali para construírem juntas, apontar observações que as farão crescer também. É claro que não se podem descartar as situações especiais que toda escola tem e que necessitam um acompanhamento especializado, muitas vezes com medicação. Trabalhos envolvendo o corpo, momentos de troca na sala de aula, onde os alunos aprendam a ouvir a opinião dos colegas são de suma importância para auxiliar a todos. Atualmente temos muitas famílias, cujos pais apenas residem na mesma casa, mas que no fundo não conhecem sequer as características dos filhos. Cabe lembrar também o quanto as crianças se sentem esquecidas, quando na hora que todos os colegas vão para casa com seus pais, têm aquelas famílias que depois de muito tempo (por algum imprevisto ou outra situação) virão buscar seus filhos na escola. Muitos choram sentindo-se desamparados, por mais que contem com as pessoas que atuam na equipe da escola. Pai e mãe são insubstituíveis, o amor destas pessoas então, nem se fala. Nada como o aconchego  da casa da gente, naquele momento em que todos estão cansados e com necessidade de ter a certeza de que pertencem aquele lar, dar uma boa gargalhada, um abraço e que tal,  contar uma história de quando os pais eram crianças?
Vera Regina C. Magnaguagno-
                                                                     Or.Educacional e Psicopedagoga
                                                                                                                                                             


        

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